[Artigo e fotos de Mara Cavallaro; Foto: Camila, 24, Quitéria, 22, e Katharina, 22, fazem o L de Lula.]

No último domingo, dia 2 de outubro, a fila de brasileiros esperando para votar nas eleições presidenciais dava voltas a quatro quarteirões próximo ao Consulado Brasileiro no centro de São Francisco. Lula—o amado ex-presidente e líder do Partido dos Trabalhadores (PT)—recebeu 48,4% dos votos, 1,6% a menos do que os 50% necessários para garantir uma vitória no primeiro turno. Jair Bolsonaro, o atual presidente da ultra-direita—que é abertamente contra populações negras, indígenas, LGBTQ+ e a favor de ditaduras—garantiu o segundo lugar com 43.2% dos votos. No dia 30 de outubro, os eleitores retornam ao Consulado para um segundo turno entre Lula e Bolsonaro que irá determinar o futuro do Brasil—dos direitos trabalhistas a políticas de ação afirmativa a proteção da Amazônia. El Tecolote falou com alguns eleitores sobre o que está em jogo nessas eleições e a necessidade de solidariedade.


Emmanuel, 20, e Ana Júlia, 19, de San José votaram pela primeira vez nessa eleição. “É um momento importante pra história da nação,” disse Emmanuel. Ambos votaram Lula “pra democracia.” 


Adele, 40, de Alameda (à direita) disse que esta eleição talvez seja a mais importante desde que o Brasil voltou a ser uma democracia em 1985, depois de décadas de uma ditadura violenta. Bolsonaro expressou várias vezes seu apoio à essa ditadura, elogiando o general que torturou a ex-presidente Dilma Rousseff e ameaçando golpe se ele não ganhar a eleição.


Guadalupe, 39, de Emeryville, se debateu sobre o que usar nesse dia uma vez que Bolsonaro e seus apoiadores da ultra-direita cooptaram as cores da bandeira brasileira para uso político. 

“Hoje eu tava pensando, eu vou com minha vermelha, ou vou com uma que a gente tem que recuperar—que a gente perdeu nesses últimos 4 anos? O verde e amarelo não é só deles. A gente tem que recuperar o que a gente acha de precioso; a gente tem que recuperar o que a gente tá perdendo de Amazônia, do respeito pelas mulheres. Tudo isso foi um simbolismo de escolher uma camisa hoje, amarelo e verde, e ser do Lula, e ter Brasil no peito, por que assim que a gente vai vencer. A gente tem que lutar para… o que a gente ama.” Do seu boné, ela disse, “Eu tenho orgulho de ser imigrante.” 


Gabriel, 24, e Danillo, 29, de Walnut Creek e São Francisco, respectivamente, traziam na camiseta «Ele Não» nas cores do arcoíris da bandeira LGBTQ+—um protesto contra a homofobia e transfobia de Jair Bolsonaro.


Lalo, 56, e Zé, 50, estão casados há 27 anos. Durante 25 desses anos, eles viveram juntos no Distrito Castro em São Francisco. Ambos usam vermelho, a cor do PT, e Zé (à direita) veste uma camiseta em homenagem a Marielle Franco, feminista, socialista, bisexual, negra e vereadora assassinada no RJ em 2018.


Amanda Valéria, 25, de San Rafael, saltita descendo a Rua Montgomery com uma faixa do Lula. Como Guadalupe, hoje ela ressignifica a camisa da seleção.


Marina, 26, Kaio, 31, e Marina, 39, são estudantes de pós-graduação na Universidade da California Santa Cruz. Com o lenço verde—símbolo do movimento pelo direito ao aborto que se originou na Argentina—Marina (à direita) diz, “E uma luta que faz parte do Brasil e é uma pauta que, de certa forma, é pouco abordada mais é muito importante, e eu acho que é uma das pautas que a gente quer colocar na agenda, legalizar o aborto.” Marina (à esquerda) disse votar pelas “populações negras, quilombolas, [e] indígenas, que o Bolsonaro simplesmente odeia.”